segunda-feira, 29 de abril de 2019

Partilha 194 - Não faças o que fizeram a ti. (Ex 21)


      A nossa memória por vezes pode "traír-nos", isto é, pode apagar involuntariamente coisas que deveríamos guardar! Não tenho dúvida que se lembrássemos muitas coisas que já vivemos, que já passamos e até que fizemos e nos fizeram, viveríamos com mais gratidão e menos egoísmo.
      Quem estuda a memória humana, como Dr António Damásio ou até Dr Augusto Cury, entendem que a nossa memória guarda mais facilmente, o conteúdo que mais nos marcou emocionalmente, e nem sempre guarda o conteúdo todo mas pelo menos frações mais importantes...a nossa memória está interligada às nossa emoções! Por isso não devemos ter medo de sentir, de chorar, de sorrir, de sofrer, de alegrar, de viver intensamente as situações, porque no futuro tudo isso vai ajudar-nos a viver melhor o futuro! Por outro lado, devemos cuidar para que não sejamos emocionalmente descontroladas...   mas pedir a Deus equilíbrio emocional, para que todo o resto do nosso ser não tenha consequências desse descontrole, e o Espirito Santo nos ajuda nisso!
      O povo Israelita está agora a ser preparado para viver em sociedade na terra prometida, e ser um povo que sirva de exemplo para todos os outros povos daquela época. Receberam os dez mandamentos, que seriam a base para edificar da nação e agora Deus começa a falar de áreas mais práticas do dia-a-dia, entrega um conjunto de estatutos que cumprem os dez mandamentos:

"Estes são os estatutos que lhes proporás. Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça. Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele. Se seu senhor lhe houver dado uma mulher e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho. Mas se aquele servo expressamente disser: Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus filhos; não quero sair livre, Então seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao umbral da porta, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre. E se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem os servos. Se ela não agradar ao seu senhor, e ele não se desposar com ela, fará que se resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, agindo deslealmente com ela. Mas se a desposar com seu filho, fará com ela conforme ao direito das filhas. Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento desta, nem o seu vestido, nem a sua obrigação marital. E se lhe não fizer estas três coisas, sairá de graça, sem dar dinheiro."
Êxodo 21:1-11
     
      Os primeiros estatutos no meio de tantos que se seguirão, são acerca do trato aos escravos. Porque é que será que Deus começou com este tema? O povo estivera 400 anos em escravidão, e agora eram livres e estavam prestes a fundarem uma nova nação. Deus queria que eles não fizessem dentro do seu povo o mesmo que os egípcios lhes tinham feito. Estes estatutos são revolucionários para a época, porque nas nações vizinhas era impensável falar-se em direitos dos escravo! Então, provavelmente era a primeira vez que aquele povo ouvia falar de diretos dos escravos ou de libertação do escravo...Mas Deus queria que eles fossem um povo diferente, e queria que se lembrassem do quanto tinham sofrido no Egipto como escravos e que sentissem essa dor, de maneira a não querer fazer o mesmo a mais ninguém.
      Para nós hoje estes estatutos, pelo menos na maioria das nossa realidades (ainda que existe ainda muita escravatura no mundo), estes estatutos parecem não fazer sentido, ou não serem para nós! Os estatutos de Deus são para um povo, para uma cultura, para um tempo, mas os princípios que retiramos dos estatutos são eternos, para todas as culturas e para todos os tempos. Por isso convido-te a entender o principio ou os princípios por detrás de cada estatuto que Deus deu ao povo, quer nesta partilha quer nas que se seguem.
      Os princípios que saltam à vista, é em primeiro, o respeito pela vida humana, tenha ela nascido como tenha nascido, seja ela quem for. Deus ressalta isso, deixando claro que mesmo no meio de culturas onde escravizavam, onde uma pessoa possuía outra como se de um objecto se tratasse, o povo de Deus não faria assim, mas respeitaria a vida humana.  Em segundo, o principio de não pagar com a mesma moeda! Não era porque eles tinham sido escravos que agora deveriam escravizar da mesma maneira, mas deveria deixar Deus mudar os seus comportamentos e atitudes. Os estatutos deveriam levar o povo a refletir e a auto disciplinar os seus comportamentos, não permitindo que as feridas do passado, ou as memórias marcantes fizessem deles um povo mau e perverso. Pelo contrário, essas memórias más deveriam fazer deles um povo melhor e temente a Deus.
      Ser MaisMulher é usar das memórias e permitir que elas nos ajudem a ser mais como Deus quer e ela valoriza cada ser que Deus criou.
   

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