segunda-feira, 22 de junho de 2015

Partilha 105 - "Sim" à vida!



„Estou grávida!“, dizia eu, mesmo antes de cumprimentar as pessoas. Sentia-me num estado de graça inexplicável. Tinha tudo para ser o contrário, mas a alegria que tinha dentro do meu coração não conseguia ser contida.

Trabalhava numa instituição ligada à igreja, era o meu primeiro trabalho após acabar a licenciatura e não era casada. O pai do meu filho ainda não tinha acabado os estudos e nós namorávamos há um ano. Só que no momento em que vimos duas listas cor de rosa no teste de gravidez, nem por um segundo se falou na possibilidade de não aceitar tal dádiva de Deus.
Apesar de crer em Cristo, como podem ter ideia pelo que descrevi, não vivia segundo a Sua Palavra, e ainda estava longe de O deixar tomar conta da minha vida, mas naquele momento eu dei (nós demos) o primeiro passo e dissemos „Sim“ para a vida que brotava no meu ventre. O estado de felicidade era tanto que nem esperei por se completaram três primeiros meses de gestação para contar às pessoas. Assim que soubemos fomos falar com as nossas famílias, depois os amigos, depois os conhecidos e até desconhecidos.

Fora do Caminho
Recuando um pouco atrás, eu cresci no meio católico. Aos 17 anos recebi o Crisma que é uma celebração em que se confirma a fé e se recebe o Espírito Santo. Antes disso fiz parte de um grupo de jovens da paróquia onde congregava, com o qual participei em missas, retiros, caminhadas... mas assim que recebi esse sacramento, não voltei a participar das actividades do grupo e distanciei-me mais da igreja. O mundo havia ganho a batalha. Sempre fui uma adolescente no muro. Ora tinha o papel da santa, ora tinha o papel da pecadora. Só que por essa altura, decidi-me (inconscientemente) pela pecadora!
Aos 18 anos entrei numa universidade a quilómetros de casa, onde ficava a semana. Nesse meio não me aproximei de Deus, pelo contrário fiz inclusive com que outros se afastassem mais d´Ele, enquanto eu me focava cada vez mais no meu intelecto. Conclui os meus estudos com 22 anos e no regresso a casa, onde vivia apenas com a minha mãe, o ambiente tornou-se problemático, pois eu já não lhe queria obedecer, como aliás raramente o fazia ao longo da minha adolescência. (Glória a Deus, que hoje temos uma relação sarada de todas as feridas do passado.)
Apesar de afastada da igreja e com um comportamento pouco correcto, sempre tive vontade de ajudar os outros e durante dois anos trabalhei voluntariamente em várias instituições, com diferentes causas, até que em Fevereiro de 2004 parti para Angola, numa missão de voluntariado, para a qual me havia preparado ao longo de meses. Nessa altura, namorava há dias com aquele que viria a ser o pai do meu filho. Parti por 9 meses, mas ao fim de 3 meses e pouco já estava de regresso a casa. Nesta fase da minha vida, estava voltada para a medicina e terapias alternativas, para os livros de auto-ajuda e desenvolvimento pessoal, que me levaram a encontrar algum equilíbrio. Apesar de ter feito a missão por um instituição católica, e mais tarde vir a trabalhar nela, dizia veemente que eu cria num Deus, mas não era religiosa. 

Passos até ao Pai
Hoje, olhando para trás, vejo como era protegida e amada por Deus. Pelo meu comportamento de adolescente eu poderia ter ido pelo caminho das drogas, da prostituição, ter SIDA ou ter sido mãe mais cedo... e, graças a Deus, nada disso aconteceu. O Senhor me livrou desses caminhos, mesmo que eu insistisse em olhar noutra direcção que não a Sua face. Deus ama-nos, num amor imenso, que deu o que de melhor e mais precioso tinha, o Seu Filho Amado.
Até me encontrar com Jesus e apaixonar-me por Ele ainda foi uma longa caminhada. Em Maio de 2005 descobrimos que estava grávida. Sobretudo depois do nascimento do nosso bebé, e durante anos, aprofundei os meus conhecimentos sobre a programação dos nossos neurónios e linguagem através de diferentes métodos, participei em múltiplos workshops e seminários, e formei-me num método dentro da terapia familiar. Cada vez conhecia mais sobre mim e sobre os outros à minha volta, e ganhava qualidade de vida, mas havia algo que ainda me faltava. Em certo encontro disse „eu sei que me falta algo e eu vou procurar até encontrar“. No decorrer dos trabalhos com esse grupo dou comigo a reconectar-me com Deus... a voltar-me para a Sua face, a querer o Seu abraço. Já não provocava distância entre nós, mas desejava aproximação. 
Nessa época frequentava há meses uma igreja evangélica na Alemanha. Algo que aconteceu através de uma amiga que me convidou para ir à sua igreja, pois ia haver uma festa. Como era uma pessoa bastante aberta, nem sequer perguntei de que igreja se tratava. Nesse dia o tema foi missão. Recordei-me da missão em Angola... e fui de tal maneira tocada por Deus, que fiz um compromisso com Ele: „eu virei aqui todos os domingos, com marido, sem marido, com filho, sem filho, sozinha ou acompanhada, mas eu virei“. E assim foi.

Nos Seus braços
Ao longo de dois anos visitei essa igreja, quando começava a ajudar na escola dominical infantil, aconteceu algo dentro de mim que me transformou por completo. Comecei a ter vontade de ler a Bíblia com regularidade, de orar... e certo dia, por aquilo que alguns diriam ser casualidade, mas sei que foi Deus que planeou, fui com essa mesma amiga visitar a igreja Assembleia de Deus de Hagen e logo no primeiro contacto senti que o Senhor tinha algo para mim através daquela igreja.
Durante alguns meses, ia ao domingo à igreja habitual e uma quarta feira por mês ao círculo de oração em Hagen. Era estranho para mim ouvir orar em voz alta, às vezes todos ao mesmo tempo, e aquela língua que eu não conhecia... „mas eu quero provar da mesma coisa“, disse eu a essa amiga.
Certo domingo decidi que iria ao culto na Assembleia de Deus, e no meu íntimo ouvia uma voz que me dizia que ia ser algo tremendo. No percurso de carro até lá, cantava um verso de uma música secular que dizia „este vai ser o primeiro dia do resto da minha vida“. E realmente assim foi, recebi o Senhor no meu coração e daí... encontrei aquilo que tanto procurava. Hoje vivo com uma paz inexplicável. Eu vivo diversas tribulações, mas o fio condutor do meu estado é o de uma segurança calma, não prepotente ou arrogante, mas uma certeza que me permite passar pelas tempestades, mas ter o foco na Luz que brilha para lá das nuvens que teimam em colocar-se à frente dos meus olhos.
E em muitos momentos, tem sido através do nosso filho, que Deus me tem chamado para mais perto dele. O meu marido assumiu comigo esta responsabilidade (ser pais) desde o início, outra dádiva maravilhosa do Senhor. No caminho da fé ainda não caminhamos totalmente juntos, mas Deus age para o bem daqueles que n´Ele estão.
Quem sabe se como eu, crês em Cristo, mas ainda não o deixaste tomar conta de ti por inteiro. Ou se até já foste baptizada, mas vives como se ainda sem compromisso. Talvez visites a igreja já lá vai alguns anos, mas ainda não tens vontade de ler a Bíblia, de orar fora do grupo da igreja. Se calhar achas que fazes obras de caridade, tens um carácter de ajuda ao próximo e isso é aquilo que Deus quer. Provavelmente tens conflitos com aqueles que deves obediência. Não sei como te encontras, ou o que o meu testemunho possa revelar em ti, mas estou certa que Deus tem muito mais para nós... e muito melhor do que nós imaginamos. Só precisamos que Ele tome conta por completo do nosso ser. Diz „sim“ à Vida que flui em ti e sê Mais Mulher. Ana Filipa

Sem comentários:

Enviar um comentário